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12.3.13

a letter to you

Lisboa, 12 de Março e 2013

Querido Steven,

quis escrever-te uma carta. Quis tirar uns minutos, (talvez horas, pois ainda agora comecei e parece-me que irá demorar), para te dizer o que sinto. Não te conheço. Admito. Sei-o. Mas é possível apaixonar-mo-nos por um completo desconhecido ? Não falo de amor, sabes... não sei o que isso é. Achei um dia amar, e sei que o primeiro amor estará sempre connosco, e irá sempre tocar-nos um pouco, mas o pouco suficiente para nos fazer seguir em frente. E é com o tempo que sei que é amor, que era amor. Mas por ti não o é, ou talvez seja, sinceramente não sei. Eu não te conheço, essa é a questão.
Tudo o que fui aprendendo tornou-se um paradoxo tão grande que nem sei bem o que dizer nem fazer. Fui aprendendo que se não tentares, não sabes. Podes ter imenso medo, de fazer seja o que for, mas deves arriscar. Arrisca, e as consequências logo se vêm. Se não tentares, nunca saberás. Mas por outro lado aprendi a não correr atrás de quem não dá um passo por nós. Corri muito atrás no passado, que neste momento não sou capaz sequer de dar um passo com alguém. Não consigo que seja eu a primeira. Agora quem quiser sabe onde me encontrar, entendes isso ? Talvez seja por isso que não nos conhecemos. Eu não darei passo nenhum por ti, e desculpa-me se sou injusta, mas foi assim que tudo o que foi acontecendo, me tornou. E por outro lado tu não queres, e como não queres nem pensas em mim. Nem sabes que existo, e se te perguntarem o meu nome talvez saibas por ter boa memória e teres visto numa rede social por acaso, porque caso contrário, não saberás qual é.
Sabes alguma coisa de mim ? E gostavas de saber ? Vamos ser precisos, é óbvio que não. E aquela vez que olhaste para mim ? Ah,sim, a rapariga atrás de mim. E a do dia a seguir ? Pois, o rapaz que caiu. E a dos dias a seguir ? Ah, claro, o cartaz, a professora e o teu colega de turma. Que estupidez, desculpa se algum dia pensei que fosse eu. 
 Não, amor não é, como seria possível amar-te se nem te conheço ? Um amor platónico talvez. Uma paixão, uma panca... Sei coisas de ti que nem imaginas que sei, e só me custa o facto de que quando outra rapariga tiver o teu coração, eu pensar 'se eu não tivesse tido medo e tivesse dado um passo por ti, hoje quem sabe seria eu no lugar dela'. Inevitavelmente, aconteça o que acontecer, eu pensarei nisso.
Hoje, olho para trás, e vejo atitudes que tive, há três anos atrás por exemplo. Corri, corri atrás daquilo que queria, podia ser rejeitada, desprezada, gozada até, não sabia na altura ! E era apenas por amizade ! Mas corri, e ainda hoje passados os três anos, ainda sorrio a essa pessoa, e ela sorri-me de volta sempre que me vê, e faz questão de me vir cumprimentar. Estranho, I think. Mas contigo é diferente, não me perguntes pois não sei explicar.
Sinto uma enorme vontade de simplesmente te contar coisas sobre mim que mais ninguém sabe. Que saibas pormenores mínimos sobre mim, mas que valerão muito. Há muita coisa que quero partilhar contigo. Quero que sejas tu a estar do meu lado. Sem mentiras, nem invenções. 
 Sempre me disseram que descobrimos que estamos apaixonados quando pensamos o dia inteiro nessa pessoa, quando adormecemos a pensar nessa pessoa, quando queremos sonhar com essa pessoa, quando acordamos a pensar nessa pessoa, quando queremos que ela esteja também a pensar em nós, quando simplesmente não a tiramos da cabeça. E isso acontece-me contigo , mas como é possível ? Eu NÃO TE CONHEÇO
Juro-te que isto está a dar cabo de mim. Vês ? Era esta carta que eu te queria estar a ler neste momento, és tu quem eu queria que me ligasses, e é o teu nome que eu estou a visualizar no meu pensamento. É por ti que o meu coração dispara quando te vejo, e és tu a razão das borboletas na minha barriga quando falam em ti. Estranho. não ? Oh meu deus, imenso, mas o que eu posso fazer ? Normalmente o orgulho é que estraga tudo , é que impede tudo. Desta vez é o medo. E é um medo impossível de ser combatido neste momento, só tu é que o poderias apagar, e como isso não acontecerá, irá ficar aqui dentro até alguém o fazer.
Parte de mim quer que tu leias esta carta e entendas que é para ti, outra parte quer que leias e penses que é para outro, sentindo ciúmes. E ainda há uma terceira parte que não quer que leias, com medo de que por detrás disto ainda te rias do que eu estou para aqui a dizer. Coisas sem sentido basicamente. A fazer-te perder o teu tempo , e talvez a perder o meu. Mas para mim não é perda de tempo, pois estou a dizer-te aqui o que nunca te irei poder dizer. 
Amo-te. Amo-te não, amo-te é uma palavra muito forte para ser usada contigo. Desculpa-me,mas é verdade. E para além disso é muito banalizada nos dias de hoje para ser dita em vão. Acho que neste momento preferia ouvir um "queres almoçar comigo ?" , "preocupo-me contigo" , "não posso dizer que estarei sempre aqui para ti, mas quando estiveres mal espero que venhas logo ter comigo, pois estarei aqui ao teu lado. E sempre que te vir chorar, prometo-te que farei tudo para não te ver sofrer mais.". Preferia ouvir isso,acho. Pelo menos isso sei que são palavras um pouco mais difíceis de dizer, logo, muito menos banalizadas.
Então vou ser o mais sincera que nunca contigo : não te conheço mas mexes comigo. Preocupo-me contigo, e para mim fazes a diferença. O meu dia fica melhor se te vir a olhar para mim, e gostava de ser a primeira a quem mandas mensagem pela manhã e a última em quem pensas à noite. Gostava de ser aquela que anseias por te cruzar ao longo do teu dia, aquela que irás procurar sempre que estiveres mal, e farás o que for preciso para me ver sorrir. Sonhar ? Talvez seja o que estou a fazer, mas prometi-te que iria ser sincera, e prometo-te que o serei, sempre. Não sei o que sinto por ti, se é que sinto algo. Mas indiferente não me és,


Beijinhos,
Andrea

PS. Peço desculpa mais uma vez por te ter feito perder tempo a ler palavras e mais palavras que talvez nem te interessem, mas acredita que não foram em vão. Acima de tudo espero que estejas bem, e se leres isto e pensares que é para ti ? Amanhã olha-me nos olhos, e sorri.

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